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"Turismo e Paz": focado na interseção entre viagens e harmonia global, Dia Mundial do Turismo 2024 é um convite à reflexão sobre importância da indústria
Tbilisi, capital da Geórgia, foi escolhida como anfitriã para as celebrações oficiais, mas iniciativas ocorrem em todo mundo: ouvimos líderes de algumas das mais importantes empresas do setor no Brasil, assim como a subsecretaria de turismo do Chile

Criado pela Organização Mundial do Turismo (OMT) há exatos 45 anos, o Dia Mundial do Turismo é celebrado em todo o globo no dia 27 de Setembro, com um convite para refletir, comemorar e projetar a importância cultural, social e econômica desta potente indústria. Com seu papel transformador, o turismo gera milhões de empregos, promove o intercâmbio de culturas e fortalece o compromisso de vários players, inclusive os viajantes, com a defesa e preservação da fauna e da flora.

Ouvimos líderes de algumas das mais importantes empresas que compõem a indústria no Brasil, assim como a subsecretaria de Turismo do Chile, Verónica Pardo. Em comum, eles reforçam que a data é uma oportunidade que deveria gerar inquietude em todos, promovendo a reflexão sobre o papel de cada um na promoção de um futuro mais inclusivo por meio do turismo e a partir de mudanças positivas, praticadas individual e coletivamente.


Clayton Araújo, gerente Comercial da Europamundo, é o primeiro a propor essa reflexão. Em sua avaliação, "o turismo vai muito além do próprio negócio", diz, reforçando que exatamente por isso, é preciso que as empresas revejam suas atuações e busquem, cada vez mais, proporcionar um turismo responsável e sustentável. "O direito de viajar nos foi negado nos últimos anos e isso gerou uma demanda maior, com reflexos como o overturismo, situação que vem sendo tratada, entre outros, com a limitação de pessoas em locais de grande circulação. Há, também, a identificação de destinos que se tornam alternativa às grandes capitais. E há, ainda, a mudança do comportamento do viajante: a sociedade está mais focada em inclusão e tolerância, o que é muito bom. E o turismo é uma importante ferramenta neste sentido", diz.

Rafael Turra, foto divulgação.


Inclusão também é palavra de ordem para Rafael Turra, diretor da Vital Card. "O turismo tem o poder de solucionar grandes problemas dos países, suas sociedades e como se relacionam entre si. Nossa indústria derruba muros, aproxima culturas, gera oportunidades  não só financeiras, mas também para que preconceitos sejam superados e tensões sejam pacificadas", diz.


Caio Calfat, foto divulgação

 

Convidado a definir o turismo em até cinco palavras, Caio Calfat, fundador e diretor-geral da Caio Calfat Real Estate Consulting, e vice-presidente de Assuntos Turístico-Imobiliários do SECOVI-SP, responde rapidamente que "turismo significa qualidade de vida". Na avaliação do executivo, a expressão "qualidade de vida" pode e deve ser usada a partir de dois pilares de igual importância: o primeiro deles trata do viajante, no sentido mais puro da expressão; e o segundo trata dos reflexos econômicos da indústria, considerando tributos, geração de negócios e de empregos. Com os cerca de 100 subsetores cujas atividades orbitam e dependem da indústria, o turismo é responsável por quase 10% dos empregos em todo o mundo. "No que diz respeito ao Brasil, esperamos que os governos federal, estadual e municipal valorizem o setor como atividade econômica e invistam no turismo brasileiro", diz.

 

Cesar Nunes, foto divulgação.

Quem também fala sobre falta de incentivos é Cesar Nunes, VP de Marketing e Vendas da Atrio Hotel Management, maior administradora hoteleira de capital 100% nacional do Brasil. "Hoje vivemos uma situação de escassez de mão de obra muito grande no turismo global e a profissão perdeu atratividade para as novas gerações. Além disso, se vê muito pouco  ou quase nada de investimentos ou de incentivo para formação de mão de obra qualificada por parte dos governantes. Até quando o nosso turismo vai viver em berço esplendido quando tem a oportunidade de se transformar em uma grande potencia mundial? questiona.


Jardel Couto, foto divulgação

Jardel Couto, CEO da VCA Construtora, destaca a importância de aliar o foco no presente e a oportunidade de desenhar um futuro melhor. "Comemorar o Dia Mundial do Turismo é trazer os olhares para os desafios que o setor possui nas esferas social, econômica, histórica e ambiental. Assim, podemos contemplar sua relevância sem perder de vista à condução de longo prazo para a construção de um turismo mais equânime e com melhor orientação, diz.


Emerson Sanglard, foto divulgação

Presente no Brasil desde 2016, o líder global em hospitalidade aeroportuária, Plaza Premium Group, é responsável pela gestão de mais de 10 lounges localizados em embarques nacionais e internacionais do Aeroporto Internacional de São Paulo, o GRU Airport, e do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o RIOgaleão. Emerson Sanglard, Sales Manager & Marketing Manager Brazil, fala sobre a importância da reflexão para trazer melhores práticas. "Além do aspecto econômico, o turismo conecta pessoas, gera inclusão e promove culturas ao redor do mundo. Penso que a data serve como uma pausa para reflexão e nos impulsiona a melhorar, sempre. Nós temos o compromisso de pensar, todos os dias, em quais experiências iremos oferecer para atender a todos os perfis de viajantes no Brasil e no mundo.

Impactos da pandemia

É fato que as feridas causadas pela pandemia nunca serão esquecidas nos âmbitos da saúde, social, cultural e econômico. Mas também há importantes aprendizados. Um deles trata do turismo sustentável, que vem deixando o lugar de nicho para ser uma preocupação real de governos, empresas, executivos e viajantes.


Em tom otimista, Verónica Pardo, subsecretaria de turismo do Chile, fala sobre as lições da pandemia que são voltadas para a sustentabilidade na indústria. "O que vivenciamos nos deu a oportunidade de mostrar como queremos oferecer o que temos e como podemos definir nossas regras para preservar nosso meio ambiente e cuidar dele para as novas gerações. É como quando convidamos pessoas para nossa casa: nos preocupamos desde a chegada até a saída de quem nos visita, quanto tempo queremos que fiquem e como cuidamos do que temos a oferecer, inclusive, estabelecendo nossos limites. Este importante aprendizado nos permite lançar as bases para o desenvolvimento sustentável do turismo", diz.


Rodrigo Rodrigues, foto divulgação.


Na avaliação de Rodrigo Rodrigues, diretor Comercial da Schultz Operadora, embora a indústria do turismo tenha demonstrado resiliência, "ainda é prematuro afirmar que os impactos da pandemia foram completamente superados e muitas empresas estão em processo de recuperação financeira, como é o caso das aéreas, diz.

No entanto, apesar dos desafios, Rodrigues lembra que a pandemia desencadeou diversas transformações positivas e que terão implicações duradouras, entre as quais estão inovações tecnológicas (check-in virtual, pagamentos sem contato e experiências de realidade aumentada), cujo investimento continuará a crescer, melhorando a experiência do cliente e a eficiência operacional; priorização da saúde e bem estar, com destinos e serviços com este foco tendo vantagem competitiva; adaptabilidade, conceito a partir do qual empresas mais ágeis e adaptáveis terão mais sucesso em um mercado em constante evolução; e sustentabilidade como prioridade. "O aumento da demanda por viagens mais sustentáveis e ecoturismo já é uma realidade, finaliza.

 

Para além do desafio de equilibrar indicadores como faturamento, diária média e ocupação, Tais Castro, gerente Comercial do Jardim Atlântico Beach Resort, empreendimento localizado em Ilhéus (BA), fala sobre aprendizados e lições. "Aqui no resort, todos os setores intensificaram seus processos e adotaram melhorias, seja na área de alimentação, seja no cuidado mais intenso nas limpezas. Tivemos que nos adequar e evoluir para melhorar ainda mais a garantia dos serviços oferecidos e o acolhimento dos hóspedes, diz.


João Cazeiro, foto divulgação
Edição poe Rose Cecilia


 

João Cazeiro, diretor de Desenvolvimento da Livá Hotéis & Resorts, fala sobre os dois lados de uma mesma moeda. "Com a pandemia, de um lado, novos destinos foram criados, os chamados destinos-boutique, com hotéis exclusivos de 15 ou 20 apartamentos e que foram desenvolvidos pela oportunidade da pandemia, sem planejamento adequado. De outro, hoje, esses empreendimentos sofrem pela falta de escala porque o viajante que tem o perfil para esse produto e/ou destino voltou a fazer viagens internacionais", diz.

Data de publicação desta Matéria 19-09-2024
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