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Cia. Mecenato Moderno explora relatos da Comissão da Verdade em Prontuário 12.528, que estreia no dia 18 de outubro no Teatro do Núcleo Experimental
Com direção de Cesar Ribeiro e linguagem de HQs e desenhos animados, espetáculo investiga a trajetória do Brasil contada por pacientes de um hospital em ruínas.
A expressão máxima da soberania reside, em grande medida, no poder e na capacidade de ditar quem pode viver e quem deve morrer - Achille Mbembe

Foto: Divulgação João Caldas Francisco

Em defesa do direito à memória e à verdade, a Cia Mecenato Moderno mergulha na obscura trajetória do Brasil, da nossa colonização exploratória até as mazelas sociais atuais, na peça de teatro Prontuário 12.528. O espetáculo tem sua temporada de estreia no Teatro do Núcleo Experimental, de 18 de outubro a 25 de novembro, com apresentações sextas, sábados e segundas às 20h e domingos às 19h.

A montagem tem direção de Cesar Ribeiro; atuação de Clara Carvalho, Helio Cícero, Mariana Muniz e Pedro Conrado; cenografia de J. C. Serroni; figurinos de Telumi Hellen; iluminação de Domingos Quintiliano, visagismo de Louise Helène; e direção de produção de Edinho Rodrigues e Marisa Medeiros.

Prontuário 12.528 pega emprestado em seu título o número da lei que instituiu a Comissão Nacional da Verdade para investigar a violência de Estado, especialmente cometida na Ditadura Civil-Militar (1964-1985). A iniciativa reúne o depoimento de vítimas, testemunhas, familiares e amigos de pessoas que foram torturadas, oprimidas ou assassinadas pelo Estado. A esses relatos, somam-se documentos históricos como a Carta de Pero Vaz de Caminha sobre o “achamento” do país, obras de Yves dÉvreux, textos do diretor e outras narrativas. 

No espetáculo, é traçada uma linha histórica do Brasil a partir de elementos presentes desde a colonização e que foram reforçados com a nova ascensão da extrema-direita, como o genocídio indígena, o racismo, o machismo e o autoritarismo, passando pelo centro na defesa de interesses econômicos acima do bem-estar coletivo”, salienta o diretor.

Em um hospital em ruínas que mescla elementos do passado com distopias futuristas, os pacientes revivem a história do Brasil em clima de sonho e pesadelo, em que surgem Pero Vaz de Caminha em sua carta de descobrimento, trecho de Malleus Maleficarum, obra do século XV que se tornou uma espécie de guia da Inquisição, o relato do assassinato do indígena Tibira em 1614, considerado o primeiro crime por homofobia no país, e outros textos.

Apesar da base documental, a montagem é concebida fora do teatro documentário, apostando na estetização da forma com referências a Tadeusz Kantor, Maguy Marin, Samuel Beckett e obras diversas, como Sin City e As Bicicletas de Belleville, em uma ideia de que tudo é linguagem e que a tentativa de simulação da realidade não é o melhor caminho para abordar a realidade”, destaca Ribeiro. 

A partir dessa estética, a peça discorre sobre a naturalização dos sistemas de violência na estrutura social e na cultura desde a colonização, traçando um paralelo com o Brasil atual, envolto na intensificação das necropolíticas.

A dificuldade do direito básico de existir, especialmente de certos grupos humanos, é um dos marcos centrais da peça: enquanto uma personagem feminina afirma ‘Eu não consigo respirar’, um personagem masculino também tem dificuldades de respiração, mas conta com um tubo de oxigênio ao lado. Por meio desse símbolo, a peça alude à violência ao redor do mundo, a como essa violência tem alvos principais e à própria covid-19, que vitimou mais de 700 mil pessoas no país, fruto de uma política de morte que não será resolvida se não houver uma profunda reformulação das leis no Brasil, como a de Anistia, que permitiu aos torturadores e aos adeptos da ditadura seguirem como parte do Estado ou satélites de suas benesses”, conclui o diretor.

Sobre a Cia. Mecenato Moderno

A Mecenato Moderno foi fundada em 1997. Produziu, com a Cia. Livre, a ocupação do Teatro de Arena Eugênio Kusnet, além do espetáculo Arena conta Danton, uma releitura do texto de Georg Büchner A morte de Danton, sob direção de Cibele Forjaz. Em 2005, inaugurou a primeira peça itinerante do projeto Teatro nas Universidades, com o espetáculo Liberdade, liberdade, de Millôr Fernandes, também direção de Cibele Forjaz.

Em 2012, trabalhou na produção do espetáculo “Rainha [(S)]”, com Isabel Teixeira e Georgette Fadel, sob direção de Cibele Forjaz. Em parceria com a Cia. Ludens, de Domingos Nunez, produziu e administrou a primeira temporada da peça-documentário musicada As duas mortes de Roger Casement, culminando com apresentações na Irlanda.

Com trajetória intimamente ligada à Companhia Teatral Arnesto nos Convidou, de Silvia Marcondes, Samir Yazbek e Helio Cicero, realizou espetáculos como O invisível, A noite do barqueiro, O fingidor  vencedor do Prêmio Shell de Melhor Autor de 1999, com Samir Yazbek  e As folhas do cedro. Com este último espetáculo, participou do Festival Escénica e do Festival Internacional de Teatro de Santa Cruz de la Sierra, ambos na Bolívia. Realizou ainda a peça de Samir Yazbek, coautoria de Helio Cicero e direção de Antônio Januzelli, intitulada Fogo-fátuo, inspirada no mito de Fausto, com Cicero e Yazbek no elenco. 

Em 2013, realizou o projeto Imersão Samir Yazbek, no Sesc Santana, com a estreia do espetáculo “Frank-1”, inspirado no mito de Frankenstein à luz da engenharia genética. Ainda com o grupo, produziu a estreia do espetáculo “Post scriptum”, na Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba. Reestreou O fingidor, em temporada comemorativa de 15 anos, marcando os 80 anos de morte de Fernando Pessoa, durante as atividades festivas dos 50 anos do Teatro Tuca.

Com a paralisação das atividades da Arnesto nos Convidou, começou a atuar como Cia. Mecenato Moderno, realizando a temporada de Jornada de um imbecil até o entendimento, em homenagem a Plínio Marcos e com direção e atuação de Helio Cicero. Foi selecionada no edital ProAC de Circulação com As folhas do cedro, em 2011, no Prêmio Zé Renato com Jornada de um imbecil até o entendimento, em 2018, e no ProAC de Produção de 2022, com Dias e noites de amor e de guerra peça que cumpriu temporada em 2024 no Sesc 24 de Maio.

Ficha Técnica

Dramaturgia, trilha sonora e direção: Cesar Ribeiro

Atuação: Clara Carvalho, Helio Cicero, Mariana Muniz e Pedro Conrado

Cenografia: J. C. Serroni

Figurinos: Telumi Hellen

Iluminação: Domingos Quintiliano

Visagismo: Louise Helène

Produção: Edinho Rodrigues e Marisa Medeiros

Sinopse

Reunindo depoimentos às comissões da verdade e textos de Cesar Ribeiro, Yves dÉvreux, Pero Vaz de Caminha e outros, a montagem utiliza a linguagem de quadrinhos e desenhos animados para mostrar a história do Brasil contada por pacientes de um hospital em ruínas, abordando colonização exploratória, genocídio indígena, machismo, racismo e autoritarismo, em busca do direito à memória e à verdade. 

Serviço

Prontuário 12.528

Temporada: 18 de outubro a 25 de novembro

Sextas, sábados e segundas, às 20h; domingos, às 19h

Teatro do Núcleo Experimental  Rua Barra Funda, 637 – São Paulo – SP

Ingressos: R$ 40 inteira e R$ 20 (meia-entrada)

Venda online em https://www.sympla.com.br/

Bilheteria física sem taxa de conveniência: Teatro do Núcleo Experimental 

Horário de funcionamento: em dias de espetáculos, a bilheteria abre 1h antes do início da apresentação.

Duração: 105 minutos

Classificação: 12 anos

Capacidade: 50 pessoas


Edição por Julia Marques

Data de publicação desta Matéria 16-10-2024
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